quinta-feira, 23 de abril de 2015

Feria de Abril 2015 - Casetas

Esta semana acontece a tradicional Feria de Abril em Sevilha, na Espanha. Já escrevemos sobre esse evento outras vezes neste blog, por isso resolvi detalhar melhor uma de suas características: as casetas. 
As casetas são tendas cobertas instaladas no espaço Real da feira, sendo algumas públicas e gratuitas (pertencentes a distritos da cidade, sindicatos e partidos políticos), e muitas particulares, em que se deve ser sócio ou convidado para entrar. Depois de passarem por várias mudanças ao longo do tempo, são atualmente uma extensão da casa dos sevilhanos, ponto de encontro onde se recebem familiares e amigos, se come e se bebe, se conversa, se ri, se canta e se bailam sevilhanas. Para se inspirar enquanto lê este post, você pode ouvir sevilhanas nesta radio! :-)
Na primeira edição da feira, em 1847, eram 19 casetas. Em 2015, são 1.040! Inicialmente, as casetas eram utilizadas como refúgio para o fechamento de operações comerciais. Em 1849 a prefeitura instalou uma caseta para vigiar a ordem no recinto e, no ano seguinte, instalaram-se casetas para a venda de torrones, comidas, bebidas e doces.
Com o tempo, as casetas se multiplicaram e, em 1919, ganharam certa uniformidade com base em um projeto de Gustavo Bacarisas. A partir de 1983, com a aprovação de uma lei que rege a montagem e o funcionamento da Feria de Abril, as casetas passaram a seguir normas de instalação, segurança, descarte de resíduos e ornamentação, com as lonas em padrão listrado em verde e branco ou vermelho e branco, visando manter a harmonia do Real.

Real
Mas o que é o Real da feira? É um de seus três setores. Os terrenos destinados à celebração da Feria de Abril situam-se entre Los Remedios e Tablada, e se dividem em três setores: o Real de la Feria, a Calle del Infierno (Rua do Inferno) e os estacionamentos. O Real de la Feria tem esse nome porque antigamente se pagava aos cocheiros o valor de "um real", correspondente a 25 centavos de peseta, para transportar as pessoas na feira. No início, dava-se o nome de Real a toda a área da feira. Depois, o nome passou a designar o passeio principal por onde passam os cavalos e se encontram as casetas. São 275.000 m² distribuídos entre 25 quadras e 15 ruas (informações obtidas neste guia de 2014).
Veja aqui o mapa da Feria de Abril de 2015, que termina à meia noite do dia 26, com a tradicional queima de fogos de artifício.

Imagem: Wikipedia - «SevillaFeriaDeAbril10» de EdTarwinski

Campinas
Em Campinas-SP, a Feria de Abril este ano terá atividades organizadas pelo Centro de Arte Flamenca (CAF), Café Tablao e Estúdio Soniquete. A divulgação está sendo feita no Facebook.
A 17ª Feria de Abril do CAF acontece na semana seguinte à feira espanhola, de 26 a 30/04, e terá show no restaurante Nosotros (26/04), aulas abertas para crianças (27/04) e para a terceira idade (28/04), além de cinema e bazar flamenco.
O Café Tablao preparou-se para receber o público entre 24 e 30 de abril. Os visitantes poderão acompanhar os bastidores dos espetáculos e assistir às aulas. O ingresso é 1 kg de alimento não perecível.
No Estúdio Soniquete, serão oferecidas aulas gratuitas nos dias 27, 28 e 29 de abril, para todos os níveis. No dia 30, haverá show e festa com comidas e bebidas. Ingressos à venda na academia.
Aproveitem!

Besos,
Flah Menkita

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Sara Baras ao vivo!


Sara Baras em Voces, suite flamenca
Foto: Peter Muller

Feliz 2015, com muita esperança de dias melhores! E para colocar o foco em coisas positivas após o lamentável episódio do Charlie Hebdo, venho falar de flamenco e da realização de um desejo antigo. No dia 5 de janeiro tive o privilégio de assistir ao espetáculo de Sara Baras Voces, suite flamenca, em cartaz no Théâtre des Champs-Élysées, em Paris. Que encanto!
Com coreografia e direção de Sara Baras, o espetáculo faz uma homenagem a ícones do flamenco como Paco de Lucía, Camarón de la Isla, Antonio Gades, Enrique Morente, Moraíto e Carmen Amaya, com retratos povoando o cenário e trechos de depoimentos alinhavando os onze números apresentados. O espectador é assim, entre um número e outro, transportado ao universo de cada artista homenageado.
Três cantaores, dois percussionistas e dois guitarristas realizam a música de Voces, que inclui palos como seguirilla, bulerías, farruca, tientos, soleá e soléa por bulería.
O corpo de baile composto por três casais divide o palco com a grande estrela e também apresenta belos números sem a atuação de Sara Baras, como Las Carmenes.
Mas o casal de destaque é Baras e seu marido, o talentoso bailaor convidado José Serrano, que realiza também uma soleá de coreografia própria, arrancando muitos "olés" da plateia!
Em figurinos quase sempre esvoaçantes, sapatos pretos e com o cabelo preso em um coque simples, sem muitos adereços, Sara Baras traz a atenção para a velocidade e a precisão de seu sapateado, seus lindos giros quebrados, a leveza de seus braços e sua expressão intensa, ora de contrição, ora de total regozijo. A farruca foi baile puro, Sara Baras trajando simplesmente calça e blusa pretas, rodeada por espelhos. Fosse eu bailando já iria querer botar um detalhezinho vermelho... rs...
Assista aqui a trechos de Voces, suite flamenca.

 
Tive a felicidade de estar sentada próxima ao palco, com uma ótima visão dos bailaores, mas a vontade era chegar ainda mais perto. Na saída do teatro, esperei por Sara Baras e José Serrano, que me receberam carinhosamente. Pude enfim agradecê-los e parabenizá-los pelo belo espetáculo que me deixa até agora em estado de graça!

Com José Serrano e Sara Baras
Voces, suite flamenca fica em cartaz até o próximo domingo, 11 de janeiro. Veja aqui o programa do espetáculo e mais detalhes (em francês).

¡Besos!
Flah Menkita

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Flamenco e questões de gênero

Fonte: Site oficial do bailaor.
Farruquito - Imagem do site oficial do bailaor.

Olá, pessoal! Eis-me aqui novamente para uma conversa flamenca!
Às vezes me perguntam sobre o baile masculino e as diferenças entre homens e mulheres no flamenco. O assunto rende, mas gostaria de colocar alguns pontos.
Em geral, observa-se uma predominância de mulheres que buscam e se dedicam à dança flamenca. No Brasil, vejo as escolas de flamenco sofrerem de déficit de bailaores, o que faz reduzir os (tão lindos) números apresentados por casais.
Na Espanha, tradicionalmente, convencionou-se dividir a apresentação dos palos conforme o sexo, atribuindo-se aos homens palos como a Farruca e o Martinete, e às mulheres as Alegrias, Tientos, Guajira.
A separação de gêneros e palos baseia-se em diferenças consideradas naturais entre homens e mulheres, sendo as "danças femininas" caracterizadas pela graça, delicadeza e sinuosidade do baile "da cintura para cima" enquanto nas "danças masculinas" tem-se a sobriedade, a precisão do sapateado e a força do baile executado "da cintura para baixo". O próprio sapateado, no início, era exclusivo dos homens, por exigir maior preparo físico. As roupas e acessórios também compõem essa polarização, permitindo-se às mulheres as cores vivas, babados, leques, brincos, peinetas... Para os homens, calças escuras, cintos largos, camisas brancas, coletes sóbrios.

Novos tempos
Com o tempo, os dançarinos de flamenco tornaram difusa essa demarcação que separava com clareza os artistas masculinos e femininos. Hoje as experimentações de bailes e mesmo trajes são diversas, sem extinguir a diferenciação tradicional.
Alguns cliques me levaram a materiais interessantes sobre o tema, como este artigo de Cristina Cruces Roldán, da Universidade de Sevilha, chamado "De cintura para arriba": hipercorporeidad y sexuación en el flamenco. No site Flamenco-world encontrei uma entrevista com o bailaor Manolo Martín, que diz : "El hombre, antes creían que tenía que ser como una máquina de fuerza, romper el escenario; y la artista era la mujer. Me parece una tontería porque el hombre puede tener arte, puede mover incluso las manos y no parecer afeminado". A bailaora cordobesa Fátima Franco, autora do premiado livro La indumentaria en el baile flamenco. Un recorrido histórico, faz uma ressalva em artigo publicado no site Cordobaflamenca: "Lo cierto es que en la actualidad, el baile de mujer al incorporar ese virtuosismo en la ejecución de zapateados está dando lugar a la casi extinción de la coquetería, y la sensualidad propia del baile de mujer. Podríamos hablar de que esta simbiosis, es un reflejo del cambio de mentalidad de la sociedad actual, que ha ido eliminando los roles y diferencias de género, provocando una escuela de baile flamenco asexuada. Como consecuencia de esta metamorfosis, la actuación de baile ha llegado en demasiadas ocasiones, (según muchos entendidos) a simular una tabla de ejercicios de karate más que una coreografía plástica y flamenca".

Exposição
Evocando o tema, uma instigante exposição do fotógrafo colombiano Ruven Afanador estreou em Nova York no dia 8 de novembro e seguirá até o final de fevereiro. São 60 fotografias em preto-e-branco de homens no flamenco incluídas no recém-lançado livro Ángel Gitano. The man of flamenco, com prefácio da atriz Diane Keaton.
Bailaores como Samuel Flores Carmona, Antonio Canales, Miguel Poveda e Miguel Flores foram fotografados por Afanador em Sevilha e Jerez de la Frontera para o produção do livro, que levou três anos. Cinco anos atrás, o fotógrafo lançou Mil Besos, com a temática feminina no universo flamenco.
Desinibidos, maquiados, com roupas "de homem", "de mulher" ou nus, bailaores e cantaores de diferentes idades estrelam imagens irreverentes e muito originais para essa arte secular de tradições tão demarcadas.

Capa do livro Ángel Gitano.
Bailaor Eduardo Guerrero Gonzalez. Huffington Post.

Farruquito no Brasil
Por falar em homens no flamenco, não poderia deixar de mencionar o espetáculo Improvisao, que o bailaor espanhol Farruquito fará no Brasil, com apresentações nos dias 21, 23 e 24 de novembro (Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo, respectivamente).
Segundo notícia do portal UOL, o trabalho explora o flamenco autêntico, baseado na improvisação e dispensando cenários.



Besos a los hombres y las mujeres!
Flah Menkita

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Angel Reyes: uma essência genuína

Nestes últimos dias, mais precisamente, nesta última semana, posso dizer que passei por uma experiência inesquecível da arte flamenca.
Aqui, quando se vive e reflete sobre essa arte tão particular e intensa, imagina-se algo muito complexo, improvável e difícil... porém, que, de alguma maneira torna-se inerente e pertencente à nossa alma.
O que presenciei esta semana e pude sentir de perto, foi algo completamente oposto a esta impressão. Um sentimento leve, fluido e natural que passou por aqui e deixou com muita espontaneidade um rastro de singeleza e autenticidade, e, ao mesmo tempo muita emoção e intensidade.
A vida nos traz surpresas e, certamente, é através da arte que nos permitimos experimentar dessas sensações com muito mais profundidade. É por meio da naturalidade e da originalidade que conseguimos sentir o verdadeiro espírito do Flamenco.
Por fim, o Flamenco é simples!
O Flamenco é o sentir...  É o se deixar expressar... É o encontro direto com as próprias emoções.
E por ser tão simples, ao mesmo tempo é tão inquieto.
Patrimônio Imaterial de Humanidade, é etéreo e nos invade com suas emoções de forma passional e abundante!
Obrigada por poder viver isso tudo!
Querida Karina Maganha, você com sua sensibilidade e perspicácia, proporcionou ao Café Tablao de Campinas e a todos os amantes do flamenco a maior experiência dessa arte atual nos apresentando esse sensacional e genuíno bailaor, que é o jovem Angel Reyes.
Angel, Angelillo, tu energia ahora sigue intrínseca en nosotros y no te olvidaremos jamás!!
Olé tu!!!

Gracias y saludos!!
Annie Carrera

CLASSES DE ANGEL REYES

TEATRO ITATIBA

TEATRO ITATIBA


ANGEL REYES & KARINA MAGANHA
TEATRO ITATIBA

CORPO DE BAILE CAFÉ TABLAO & ANGEL REYES
TEATRO ITATIBA


Maestra Marilia Cesarino, LILA!

SHOW ALMANAQUE CAFÉ
BARÃO GERALDO

terça-feira, 10 de junho de 2014

Fim de semana flamenco

Saudações flamencas!
O último fim de semana foi de muito flamenco, com apresentações sexta-feira e domingo!
Na sexta, a convite da coreógrafa Makena Milani, fizemos uma participação especial pelo grupo da Profª. Tatiana Hass no espetáculo Gala Cultural, realizado no Auditório Municipal de Valinhos.
O espetáculo teve duas partes. Na primeira, a suite de Carmen, foram apresentados trechos da ópera com o corpo de bailarinos da Cia Dança Cultura e nosso grupo de flamenco. A segunda parte do evento apresentou números de balé, jazz, hip hop, stilleto, sapateado e contemporâneo de várias academias.

Suite de Carmen - Auditório Municipal de Valinhos
Raquel Otero, Ana Fabretti, Flávia Gouveia, Rosana Guimarães, Luzia Bertinatto, Daniela Porfirio, Tatiana Hass e Annie Carrera

Domingo participamos do Sarau Eloos no espaço Rudá, em Barão Geraldo. Organizado pelo Prof. Daniel Darbello, o evento teve apresentações de diversas academias e variados estilos de dança, como dança de salão, hip hop, dança do ventre, balé, dança contemporânea, jazz e flamenco! Apresentamos fandangos com castanholas e sevilhanas com leque. Coreografias de Tatiana Hass. Como é bom bailar! Olé!

Fandangos - Rudá
Ana Fabretti, Luzia Bertinatto, Flávia Gouveia e Annie Carrera

Sevilhanas - Rudá
Flávia Gouveia e Annie Carrera
Hasta!
Flah Menkita

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Alfonso Losa: "Hasta siempre"

Esta semana em Campinas, a experiência da arte flamenca tornou-se mais que especial com a presença do maestro internacional Alfonso Losa.
   
Foram três dias de curso, 28, 29 e 30 de abril,  com muita expressividade e uma dinâmica que somente a grandeza e a excelência de um notável mestre flamenco pode nos ensinar. 
Eu tive um enorme prazer e uma grande realização em participar desse curso e poder desfrutar desse exercício enriquecedor para meus estudos flamencos. 
Desta vez o encontro foi no CAF - Centro de Arte Flamenca. Valeu flamenquitas guapas!! Lu Garcia, Karina Maganha, eu (Annie Carrera) e Mariana Abreu
Reencontrar e bailar com minha amiga Mana (Andrea Kobayashi) foi muito bom!! Nos divertimos de verdade. 
Essa oportunidade foi possível graças à Produção Flamenco Campinas, que é resultado da união prática das escolas de flamenco de Campinas, Café Tablao, Centro de Arte de Flamenca e Estúdio Soniquete, que formaram um grupo com a finalidade de oferecer e divulgar eventos de forte importância flamenca. Só tenho a agradecer à Karina Maganha, à Lu Garcia e à Mariana Abreu, e, principalmente ao Alfonso por sua dedicação e atenção com todos nós, impetuosos estudantes e passionais dessa arte que enaltece a alma eternamente. 
Gracias! Y Olé!!

HASTA SIEMPRE MAESTRO!!
Saludos y besos de Annie Carrera.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Paco de Lucía

Entre as notícias desta manhã, a surpresa que deixou o dia em penumbra: "Morre Paco de Lucía".
Expoente da música flamenca e conhecido mundialmente por sua genialidade, Paco estava estabelecido em Toledo (Espanha) e passava uma temporada na companhia de seus filhos pequenos em sua residência em Cancún (México) quando sofreu um infarto. Sua cidade natal, Algeciras (província de Cádiz, Espanha), está em luto oficial de 3 dias.
Francisco Sánchez Gómez nasceu em 1947 e tornou-se Paco de Lucía ainda pequeno, por associação de seu apelido ao nome da mãe Lucia Gomes (ou Lucía Gómez, em espanhol). O intuito era diferenciá-lo de outros "Pacos" da rua onde morava. Começou a tocar violão aos 7 anos e iniciou sua carreira aos 12, com o dueto Los Chiquitos, formado com seu irmão Pepe. Desde então, sua dedicação e talento o conduziram a uma trajetória de destaque, com mesclas de influências do jazz, do blues, da bossa nova e do pop. Recebeu prêmios como o Premio Nacional de Guitarra do Concurso de Arte Flamenca de Córdoba e o Prêmio Príncipe de Asturias das Artes, além do título de Doutor Honoris Causa na Universidades de Cádiz e no Berklee College of Music of Boston. Veja aqui sua discografia.
Entre os parceiros, destaca-se o cantaor Camarón de la Isla (1950-1992), com quem gravou dez álbuns. Com Djavan, gravou um solo para a canção Oceano, lançada em 1989.
Em novembro de 2013, Paco esteve no Brasil depois de um intervalo de 16 anos, com apresentações no Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Infelizmente não pude assistir-lhe pessoalmente. Ficará para sempre seu legado e a emoção que se repete a cada vez que ouvimos sua música.
Seguem dois vídeos e links relacionados. A imagem é do site Lastfm.
 
Entre dos aguas


Oceano
Links:
http://www.abc.es/cultura/musica/20140226/abci-muere-paco-lucia-201402260852.html
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/02/1417982-violonista-espanhol-paco-de-lucia-morre-aos-66-no-mexico.shtml
http://musica.br.msn.com/morre-paco-de-luc%C3%ADa-s%C3%ADmbolo-da-renova%C3%A7%C3%A3o-e-difus%C3%A3o-do-flamenco-2

Flah Menkita